sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Versinhos perdidos em um caderno xadrez

Quantos versos
Quantas prosas
Perdidos
Com o verde e vermelho dos faróis

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Não há como ser roubado
De algo que nunca foi seu
Não é porque acabou
Que não valeu
Não importa mais
Se o erro foi meu
E nem a dor que traz
O adeus
A vida segue...


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Eu e esta mania
De ver o caminho da ida
Mas nunca o da volta
Será isto segurança
De sempre encontrar
O caminho de casa?

domingo, 17 de novembro de 2013

A (incrível e infalível) receita para se superar um grande amor.

- Um pão de queijo e um descafeinado, amor?
- Sim, querido. Você me conhece tão bem que me assusta.

      Sua fala acompanhava um sorriso amarelo e uma pontada na boca do estômago. A mentira era tão pontuda que era dolorido.
      Como se supera um grande amor? Ela queria desesperadamente a resposta. Perguntou aos amigos. Viaje, disseram eles, e ela atravessou o mundo. Por mais que tentasse jogá-lo na lixeira, ele estava irremediavelmente na mala. Participava de cada foto, opinando nos ponto turísticos e itinerários.
      Arrume um hobby, disseram outros. E ela fez aula de fotografia, comprou uma câmera profissional, gastou dinheiro que já não tinha. Ele tornou a aparecer, no fundo de cada clique, acompanhando pássaros, sentado debaixo dos flamboyants.
      Encontre um novo amor, disseram todos em uníssono, quando nada mais parecia funcionar. Disposta que estava, sorriu de volta pro moço bonito que sempre encontrava na cafeteria. O tempo passou e as coisas andavam como teria de ser. Ao menos era o que parecia... Ele ainda estava lá. Ela não se permitiria ser realmente conhecida por esse novo homem e sabia disso. Apesar do nome ser o mesmo - ironias do destino...- nada que fizesse adiantaria. Ok, o moço era bacana, bonito, usava um perfume gostoso. Conhecia bem sua superfície, aquilo que ela deixava aparecer. Mas essa história tinha um grave defeito que não teria como ser superado. Ele estava sendo tragado pela forte ressaca de um grande amor.
      Ela percebeu que por mais que buscasse do lado de fora, sua jornada era interna. Não adiantava perguntar a ninguém. Não adiantava tentar colocar outras coisas e pessoas neste buraco impreenchível, isso só aumentaria a dor. É preciso tempo para a cura. É preciso carregar certas bagagens por um tempo.

- Aqui, seu café. Trouxe requeijão pro seu pão de queijo, sei que você gosta.
- Obrigada, lindo. Vamos ao cinema hoje à noite?

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

O moço bonito

Meu mundo parou na esquina de um tal moço de óculos...
Ele é uma gracinha, Maria, você tem que ver!
E a minha vida inteira fica em estado de graça
Quando o moço sorri, tudo ilumina, pode crer

Tô meio de olho em um tal moço de óculos...
Acontece que o moço é bonito, não tem como negar
A mulherada da minha quebrada tá toda de olho
Porque o moço esconde quem é atrás do olhar

É todo mistério esse tal moço de óculos...
Queria muito poder bem lhe conhecer
Estou tentando lhe mostrar todo meu charme
Mas não sei se ele é cego ou se não quer ver...

Estou meio boba por um tal moço de óculos...
E já está ficando difícil de negar
Já que quando ele passa eu fico com cara de paçoca
E só pro seu lado é que vai meu suspirar

[em ritmo de samba]

terça-feira, 15 de outubro de 2013

E que brotem os sonhos

Porque você trabalha?

É o salário no fim do mês que te move?
A realização dos sonhos pessoais através do dinheiro?
O status da profissão?
Seria para dar à sua família o que teve, ou mais do que teve?
Ou seria pra fazer o mundo rodar?

São muitas as opções de preenchimento pessoal que o mundo do trabalho pode nos proporcionar.
Para muitos um bom salário é a chave para a realização da vida. Títulos, cargos, diplomas, troféus, prêmios...

Mas, assim como eu, muitos escolhem diferente.
Não escolhemos ser miseráveis, não achamos bonito essa desvalorização, nem concordamos com nossas condições de trabalho. Não fazemos isso porque queremos o posto de mártir. Nossa escolha implica em muito mais.

Falo por mim... Se meu trabalho não for útil para alguém, não me move.
Pode pagar o dinheiro que for.
Se meu trabalho não servir para fazer a diferença, não me interessa.

Não há dinheiro nenhum que compre o meu tempo.
Não há dinheiro nenhum que pague o prazer de acordar cedo para receber os mais belos sorrisos do mundo.

Me preencho de felicidade alheia.
Pois reconhecimento da sociedade alimenta a vaidade e o dinheiro compra alguns sonhos...
Mas nunca compraria o meu.
Quero mesmo é semeá-los.

domingo, 13 de outubro de 2013

Diálogo com a Sombra

[E aí a gente escreve, e com as letras colocamos pra fora o que machuca, o que dói, o que incomoda...
Ah, estas letrinhas poderosas que nos ajudam a lidar com a nossa sombra.]

Hoje minha sombra veio me visitar.

Ela está aqui me lembrando que eu tenho muitos defeitos...
Que erro. E como erro.
E eu digo a ela que meus erros me definem tanto quanto meus acertos.
Ela retruca e me recorda do que andamos perdendo.
E então ela dói e doemos.
E nos culpamos ambas, sombra e luz, pelo que deixamos a vida levar de nós.
Como se fosse possível mudar o passado.
Como se fosse culpa da vida.
Como se fosse evitável. E não é.
Ela me recorda que não há como passar pela vida sem perder.
Sem se perder.
Eu a digo que não a quero.
Eu tento expulsá-la.
Tento iluminá-la.
Luto contra sua escuridão.
Mas é vão.
É infértil lutar.
Luz faz sombra.
E é lá que fica o que não podemos ver...
Não queremos ver.
Não queremos ter.
Não queremos ser.
Mas somos isso também.

Então eu disse a ela: Fica!
Mas vamos precisar nos acertar.
Eu cá, tu lá?
Ela briga e diz: Nem pensar!
Não há como nos separar.
Onde vais vou junto...
Me aceite como sou.
Só o que sei é aqui estar.



segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Um bilhete amassado

Hoje te escrevi um bilhete...
Mas não tive coragem de entregar.
Nele me entregava inteira.

Nem que fosse só por uma noite.
Nem que fosse só por esta noite.
Nem que fosse pra vida inteira.

E quando quero, devo tentar.
Devo tentar?
Sabe... Te dou um conselho.
Vem logo!
Que a urgência tem dessas coisas...
Um dia é vida, no outro é brisa.
E como chegou, vai-se embora.

domingo, 6 de outubro de 2013

Se você não me ama

Se você não me ama, tudo muda.
Os planos são outros e é tempo de recomeçar.
Pois se você não me ama, é necessário repensar... Onde quero chegar.
Se estás ao meu lado, o sonho é dois. O sonho é lá.
Sonho só é mais leve... Chega mais longe.
Sonho só é etéreo e pode mudar como a brisa, não tem pretensão de ser eterno.
Sonho só pode ser pequeno, pode ser grande, pode mudar de tamanho, pois é meu e eu mudo como a lua.
Se você não me ama, é outro o caminhar.
Não tenho mais pressa...
Tenho a vida toda, pois o tempo é meu.
Ah, com certeza é mais difícil se você não me ama!
Mas, e daí?
Meu mundo continua a girar...
E o que fica é a vontade de chegar, aliada à sensação de que já cheguei.


domingo, 15 de setembro de 2013

Por mais que tente te esquecer
Só o que quero é te encontrar.
Quanto mais camadas de amor eu mato,
Mais outras eu acho...
[E elas renascem e crescem!]

Já tentei te asfixiar
E quase morri junto.
Tentei te considerar defunto,
Até tentei te velar.

Sinto muito, amor.
Para sair de dentro de mim,
Vai ter de me matar.